Minha mente perambula bêbada na terra da ilusão. Foi tão longe, que mal recorda o caminho de volta. Calou as palavras, e tudo ficou desconfortavelmente espremido dentro de mim. Não consigo mais que um parágrafo de pensamentos. As palavras que sobraram estão gastas, repetidas e vazias. Não tenho mais como gritar que às vezes fico submersa numa angustia que corrói o pouco que ainda sou. Nem dizer que a dor que sinto tem tantas mascaras, que não consigo saber se é real. Nem sei explicar que a solidão que cultivo se tornou um abismo, me separando definitivamente do outro, que a fantasia que antes era asa agora é calabouço. Sigo acumulando tudo que não é dito, que não é escrito, os sonhos mofados, o medo; economizando o hoje e adiando as respostas. Sigo nesse labirinto gigante chamado eu.
Obs. Fique registrado que verbalizar a minha incapacidade de comunicação, numa metalinguagem vulgar, não a tornou menor, nem menos latente.